Anteriormente fiz um post sobre Marat, agora irei postar a biografia de sua assassina.
Nasceu em
Saint-Saturnin-des-Ligneries, na Normandia, França, em 27 de Julho de 1768, morreu
guilhotinada em Paris em 17 de Julho de 1793.
Marie-Anne
Charlotte de Corday d'Armont, descendente de uma família da pequena
aristocracia da Normandia, foi educada na abadia da Trindade de Caen, de acordo
com os valores tradicionais da aristocracia e no respeito da instituição monárquica,
influenciada pelas Luzes e pelo Iluminismo católico, centrado no culto do
Sagrado Coração de Jesus, que dava muita importância a uma fé vivida
individualmente.
Aceitou bem os
primeiros acontecimentos da Revolução Francesa, como o seu pai que foi eleito
presidente da câmara de Mesnil-Imbert em 1789, assim como a maior parte da
pequena e média aristocracia francesa. A deriva radical da Revolução, a partir
de Março de 1793, leva-a a entrar na luta política, sobretudo quando os
Girondinos, considerados revolucionários moderados, foram expulsos em 2 de
Junho da Convenção. Charlotte Corday conheceu alguns deputados que, ameaçados
de prisão se refugiaram em Caen, onde Charlotte continuava a residir após ter
acabado a sua educação, onde dirigiam apelos à insurreição da população
francesa, revoltas que ficarão conhecidas por federalistas, porque
contrárias à centralização jacobina.
Para estes
revolucionários moderados Jean-Paul Marat, o jornalista redator do jornal
jacobino L'Ami
du Peuple, deputado radical, considerado
o principal responsável pela queda dos Girondinos, era a encarnação da
violência revolucionária. Doente, Marat defendia o Terrorismo jacobino, que se
baseava na denúncia sem provas dos maus cidadãos e da sua rápida execução.
Charlotte
Corday chegou a Paris em 11 de Julho de 1793, encontrando-se nesse mesmo
dia com o deputado girondino Lauze de Perret, guilhotinado em Outubro. A
reunião serviu para Corday pedir ao deputado que lhe conseguisse uma reunião
com o ministro do interior, para pedir uma pensão para uma amiga a viver na
abadia da Trindade. A reunião nunca se realizará. No dia seguinte escreverá o
panfleto Adresse
aux Français, em
que justificou os seus atos futuros.
No dia 13 de Julho
logo pelas oito da manhã Charlotte Corday dirigiu-se ao Palais-Royal onde comprou uma faca de cabo negro, apanhou um
fiacre, atravessou o rio e dirigiu-se para o bairro de Saint-Germain,
onde vivia Marat. Não conseguindo ser recebida pelo jornalista, escreveu-lhe uma
carta onde afirmava ter importantes revelações a fazer sobre a insurreição
federalista. Tendo regressado a casa de Marat às sete horas da tarde, e não
conseguindo novamente ser recebida, criou um pequeno tumulto que atraiu Marat,
que a fez entrar no seu gabinete onde a tomar banho, aproveitava para corrigir
o último número do jornal que dirigia. É nesse momento que mata Marat. Presa
imediatamente será julgada nos dias 16 e 17 de Julho, sendo condenada à morte e
executada imediatamente.
O seu ato totalmente
premeditado visou defender a legalidade, como afirmou na sua proclamação: «que
o reino da lei suceda à anarquia, que a paz, a união, a fraternidade, faça
desaparecer qualquer idéia de fação. “Ó França o teu repouso depende da
execução da lei». Esta posição liga-a ao movimento federalista normando, que
exigia o regresso à ordem, o respeito das identidades locais, da lei e da
propriedade, e que contestava o poder político de Paris e do clube jacobino, e
afasta-a dos grupos contra-revolucionários, não sendo claramente a monárquica
radical que foi o rótulo que os jacobinos e a historiografia lhe colaram.
O ato de Charlotte
Corday teve consequências devastadoras. Os girondinos, acusados de organizarem
o atentado foram perseguidos, e quando presos rapidamente executados. Os clubes
políticos femininos foram proibidos e fechados, e Olympe de Gouges, autora da Déclaration des droits de la femme et de la
citoyenne [Declaração
dos direitos da mulher e da cidadã] foi presa em 20 de Julho,sendo guilhotinada
posteriormente.
Kennedy A.R. Gomes