A essência
do fascismo e do nazismo está no totalitarismo,
especificamente na noção de controle totalitário, ou seja, na ideia de que o
Estado, e em última instância o chefe-de-Estado (no caso da Alemanha o Führer),
deveria controlar tudo e todos. Para isso a homogeneização da sociedade é
fundamental. As formas de controle social em regimes totalitários geralmente
envolvem o uso e exacerbação do medo a um grau
extremo. Todos passam a vigiar a todos e todos se sentem vigiados e
intimidados. Cada indivíduo passa a ser "os olhos e ouvidos" do Führer no processo
de construção de uma sociedade totalitária. Neste processo
de homogeneização totalitária, os inúmeros festivais, atividades cívicas, com
mobilização das massas nas ruas foram determinantes.
Para controlar tudo e
todos, o nazismo instigava e exacerbava ao extremo o nacionalista, geralmente
associado às rivalidades com outros países suposta ou realmente ameaçadores. A
ideia de um inimigo externo extremamente poderoso é funcional unir a sociedade
contra o "inimigo comum". O medo de um inimigo externo é funcional
para aglutinar socialmente povos que até pouco tempo não se identificavam
enquanto uma só nação, como foram os casos de países unificados apenas no
século XIX (Alemanha e Itália). Como Freud havia demonstrado, a necessidade da criação
artificial da identidade em grupos sociais pode levar à homogeneização forçada
destes, e a existência de membros diferentes no grupo é desestabilizadora, o
que leva o grupo a tentar eliminá-lo. Tão relevante é esta explicação para
entender o fenômeno do fascismo e do
nazismo, que as obras de Freud estiveram
entre as primeiras a serem queimadas nas famosas queimas de livros organizadas
pelo Partido Nazista em 1933 e 1934.Entretanto, era necessário algo mais, além
do medo de um inimigo externo, para conseguir atingir o ultra-nacionalismo e o totalitarismo. Era
funcional criar inimigos internos, sorrateiros, subterrâneos, conspiratórios.
No fascismo, o papel de
'inimigo sorrateiro' é destinado ao comunismo e aos comunistas como um
todo. Já o nazismo acrescenta ao rol de inimigos - em que já estava incluído o
comunismo - algumas minorias étnico-religiosas: os judeus, em um
primeiro momento, e depois os ciganos e os povos eslavos (já durante
a Segunda Guerra Mundial). A partir
disto é que se torna central o segundo pilar do nazismo - a ideologia da
superioridade racial ariana.
Leandro Gallo